Archive for Março, 2010

“Why”

What a performance!!


This is the book I never read
These are the words I never said
This is the path I’ll never tread
These are the dreams I’ll dream instead
This is the joy that’s seldom spread
These are the tears…
The tears we shed
This is the fear
This is the dread
These are the contents of my head
And these are the years that we have spent
And this is what they represent
And this is how I feel
Do you know how I feel ?
‘cause i don’t think you know how I feel
I don’t think you know what I feel
I don’t think you know what I feel
You don’t know what I feel


Não importa a morte… o ‘prof’ até era louco!

Segundo os jornais ‘Público’ e ‘i’, o professor de Música que se suicidou a 9 de Fevereiro deste ano, parou o carro na Ponte 25 de Abril, em Lisboa, e atirou-se ao rio Tejo. No seu computador pessoal, noticiam os dois diários, deixou um texto que afirmava: ‘Se o meu destino é sofrer, dando aulas a alunos que não me respeitam e me põem fora de mim, não tendo outras fontes de rendimento, a única solução apaziguadora será o suicídio’, disse o licenciado em Sociologia.

O ‘i’ coloca o 9B no centro deste caso, escrevendo que os problemas do malogrado professor tinham como foco insultos dentro da sala de aula, situações essas que motivaram sete participações à direcção da escola, que em nada resultaram. E à boa maneira portuguesa, lá veio o director regional de Educação de Lisboa desejar que o inquérito instaurado na escola de Fitares esclareça este caso. Mas também à boa maneira deste país, adiantou que o docente tinha uma ‘fragilidade psicológica há muito tempo’.

Só entendo estas afirmações num país que, constantemente, quer enveredar pelo caminho mais fácil, desculpando os culpados e deixar a defesa para aqueles que, infelizmente, já não se podem defender.

É assim tão lógico pensarmos que este senhor professor, por ter a tal fragilidade psicológica, não precisaria de algo mais do que um simples ignorar dos sete processos instaurados àquela turma e que em nada deram? Pois é. O ‘prof’ era maluco, não era? Por isso, está tudo explicado.

A Direcção Regional de Educação de Lisboa (DREL), à boa maneira portuguesa, colocou psicólogos na tal turma com medo que haja um sentimento de culpa. E não deveria haver? Não há aqui ninguém responsável pela morte deste professor? Pois é, era maluco, não era?

José Joaquim Leitão afirmou que os meninos e meninas desta turma devem ser objecto de preocupação para que não haja traumas no futuro. ‘Temos de nos esforçar para que estas situações possam ser ultrapassadas. Trata-se de jovens que são na sua generalidade bons alunos e que não podem transportar na sua vida uma situação de culpa que os pode vir a condicionar pela negativa’, afirmou.

Toca a tomar conta dos meninos e meninas porque não pode haver um sentimento de culpa. É verdade! O ‘prof’ era louco, não era? Não estou a dizer que haja aqui uma clara relação causa-efeito. Mas alguma coisa deve haver. Existem documentos para analisar, pessoas a interrogar, algumas responsabilidades a apurar. Por isso, neste ‘timing’, a reacção da DREL é desequilibrada. Só quem não trabalha numa escola ou não lida com o ambiente escolar pode achar estranho (colocando de lado a questão do suicídio em si) que um professor não ande bem da cabeça pelos problemas vividos dentro da sala de aula em tantas escolas deste país. Não se pode bater nos meninos, não é? Os castigos resultantes dos processos disciplinares instaurados aos infractores resultam sempre numa medida pedagógica, não é? Os papás têm sempre múltiplas oportunidades para defenderem os meninos que não se portaram tão bem, não é? É normal um aluno bater no professor, não é? É normal insultar um auxiliar, não é? É normal pegar fogo à sala de aula ou pontapear os cacifes, não é? É normal levar uma navalha para o recreio, não é? É também normal roubar dois ou três telemóveis no balneário, não é? E também é normal os professores andarem com a cabeça num ‘oito’ por não se sentirem protegidos por uma ideia pedagógica de que os alunos são o centro de tudo, têm quase sempre razão, que a vida familiar deles justifica tudo, inclusive atitudes violentas sobre os colegas a que agora os entendidos dão o nome de ‘bullying’?

De que valem as obras nas escolas, os ‘Magalhães’, a educação sexual, a internet gratuita ou os apelos de regresso à escola, uma espécie de parábola do ‘Filho Pródigo’ do Evangelho de São Lucas (cap.15), se as questões disciplinares continuam a ser geridas de forma arcaica, com estilo progressista, passando impunes os infractores?

Só quem anda longe do meio escolar é que ficou surpreendido com o suicídio do pequeno Leandro ou com o voo picado para o Tejo do professor de Música. Nas escolas, antigamente, preveniam-se as causas. Hoje, lamentam-se, com lágrimas de crocodilo, os efeitos. O professor era louco, não era? Tinha uma clara fragilidade psicológica, não tinha? Pobre senhor. Se calhar teve o azar de ter que ganhar a vida a dar aulas e não conheceu a sorte daqueles que a ganham a ditar leis do alto da sua poltrona que, em nada, se adequam à realidade das escolas de hoje.

Ricardo Miguel Vasconcelos


Dia do pai

na hora de pôr a mesa, éramos cinco:

o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs

e eu. depois, a minha irmã mais velha

casou-se. depois, a minha irmã mais nova

casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,

na hora de pôr a mesa, somos cinco,

menos a minha irmã mais velha que está

na casa dela, menos a minha irmã mais

nova que está na casa dela, menos o meu

pai, menos a minha mãe viuva. cada um

deles é um lugar vazio nesta mesa onde

como sozinho. mas irão estar sempre aqui.

na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.

enquanto um de nós estiver vivo, seremos

sempre cinco.

José Luís Peixoto – A criança em ruínas


NO COMMENTS


Ode ao Orçamento de Estado

Um povo imbecilizado e resignado,
humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo,
burro de carga,
besta de nora,
aguentando pauladas,
sacos de vergonhas,
feixes de misérias,
sem uma rebelião,
um mostrar de dentes,
a energia dum coice,
pois que nem já com as orelhas
é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante,
não se lembrando nem donde vem,
nem onde está,
nem para onde vai;
um povo, enfim,
que eu adoro,
porque sofre e é bom,
e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso
da alma nacional,
reflexo de astro em silêncio escuro
de lagoa morta (…) Uma burguesia,
cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal,
sem palavras,
sem vergonha,
sem carácter,
havendo homens
que, honrados (?) na vida íntima,
descambam na vida pública
em pantomineiros e sevandijas,
capazes de toda a veniaga e toda a infâmia,
da mentira à falsificação,
da violência ao roubo,
donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral,
escândalos monstruosos,
absolutamente inverosímeis no Limoeiro (…) Um poder legislativo,
esfregão de cozinha do executivo;
este criado de quarto do moderador;
e este, finalmente, tornado absoluto
pela abdicação unânime do país,
e exercido ao acaso da herança,
pelo primeiro que sai dum ventre
– como da roda duma lotaria.
A justiça ao arbítrio da Política,
torcendo-lhe a vara
ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos (…),
sem ideias,
sem planos,
sem convicções,
incapazes (…)
vivendo ambos do mesmo utilitarismo
céptico e pervertido, análogos nas palavras,
idênticos nos actos,
iguais um ao outro
como duas metades do mesmo zero,
e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento,
de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (…)”

Guerra Junqueiro, in “Pátria”, escrito em 1896


Dia da Mulher

Eis uma das razões porque é necessário instituir o Dia Universal da MULHER, será que sensibiliza algumas consciências?!


Fuzeta

O meu local de eleição para férias. Adorava  os dias passados na Ilha da Fuzeta em casa da Maria Idália, que generosamente nos emprestava a chave da casa da malta, ou simplesmente abria os braços para nos acoitarmos naquele espaço tão rústico como confortável, onde a sensação de férias, mar, descontração, libertação, nos invadia por completo. 

As noites quentes de verão eram passadas no areal, à volta de uma fogueira onde se contavam histórias, bebericando até adormecer e acordando no dia seguinte com aquela sensação calorosa do sol a envolver-nos a pele. 

Que magnifico o pôr do sol enquanto jantávamos, que luminosa a areia, que saudades dos passeios à beira-mar. 

Momentos que já não vou poder sentir porque o mar egoistamente quis a ilha só para si…  

 

  

      

A casa da malta ( actual )